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segunda-feira, 23 de março de 2015

Vai faltar água no planeta oceano?



Colaborador Roberto Rocha

Estão dizendo por aí que a água é um recurso escasso! Será mesmo? Eu entendo que se fosse escasso mesmo não haveria como irrigar milhões de toneladas de soja anualmente e nem como alimentar milhões de animais exóticos para abate criados no Brasil. Se houvesse mesmo escassez de água não produziríamos milhões e milhões de litros de refrigerantes regularmente; se houvesse mesmo escassez de água a indústria ficaria paralizada. Se houvesse mesmo escassez de água todas as formas de vida da Terra não sobreviveriam porque seus corpos são constituídos de, pelo menos, 70 % de água. Se houvesse mesmo escassez de água os oceanos estariam secos. As bacias hidrográficas não existiriam. A umidade do ar desapareceria. Os rios voadores não existiriam. O que ocorre realmente é uma apropriação irresponsável desse recurso em nome de um PIB gordo e de interesses particulares altamente lucrativos. Não existe uma política séria no país que considere prioritária a conservação da "água para todos" e não para somente os humanos. As florestas são desrespeitadas. As matas ciliares estão cade vez mais raras, e isso pode ser comprovado em qualquer imagem de satélite menos potente. Pode ser comprovado voando pelo Brasil Central e arredores. O Cerrado é a caixa dágua do Brasil e já está sendo arruinado pelo interesses eco-nômicos, mas não eco-lógicos. O cerrado já é - vergonhosamente - um dos 34 HOTSPOTS do planeta. Isso quer dizer que nós estamos sendo - já há muito tempo - incompetentes para lidar com os nossos próprios recursos. Nós não temos escassez! O que temos é uma "apropriação" desse recurso por grupos de poder; por desmatamento irresponsavel das matas ciliares que não conseguem proteger nada; pela impermeabilização das cidades que não permitem que a água retorne para os lençóis freáticos, porque são escoadas rapidamente de volta para o mar, sem alimentar os afluentes dos rios principais. Temos ainda a agravante da perda de sedimentos e empobrecimento do solo através de processos erosivos. Se houvesse escassez mesmo, nós não teríamos o luxo de desperdiçar quase a metade dela ao ser distribuída nas cidades. Nosso planeta deveria ser chamado de PLANETA ÁGUA porque o que mais temos no mundo é água! Ou será que essa água toda está em Marte? Ou será que desconhecem que boa parte da água doce vem dos oceanos em seu grande ciclo hidrológico? Nós não temos que economizar (o próprio "economizar" sugere algo ligado aos interesses econômicos). Nós precisamos sim entender que a água é necessária para os "serviços dos ecossistemas" e que interessa a "todos" os seres vivos da Terra e não somente para criaturas humanas. Tudo está ligado! O que precisamos é respeitar a flora e a fauna nativas como fazendo parte desse sistema hidrológico complexo que não depende de barragens somente. Esses organismos precisam de água tanto quanto nós! E são eles que garantem o funcionamento dos sistemas! Sem os serviços dos ecossistemas nós teremos astronômicos prejuízos nos próximos anos. Imagine os polinizadores morrendo de sede! Como será que vamos fecundar as plantas? Vamos contratar mão de obra especializada? Nós já deveríamos ter iniciado o processo de restauração ecológica na década de 70! Estamos  45 anos atrasados! Ou será que vamos esperar até 2050?

sábado, 14 de fevereiro de 2015

Os ciclos da água

Colaborador Roberto Rocha

Existem dois tipos de ciclo da água: o pequeno ciclo geoquímico onde a água é retirada, por exemplo, dos oceanos e retorna a ele sem chegar ao continente e nem integrar nenhum ser vivo. O segundo tipo é o ciclo biogeoquímico onde a água chega até o continente e por diversos caminhos “penetra” nos organismos (mata a sede de microorganismos, fungos, plantas e bichos) assim como penetra em nós quando bebemos água. À medida que os seres morrem eles devolvem a água que acumularam em seus corpos. Nós também somos pequenos reservatórios de água (70% do nosso corpo é água). A diferença é que se nós temos que esperar mais de 70 anos para devolver a água corpórea que liberamos na morte, existem microorganismos que vivem apenas alguns dias e liberam essa água também da mesma forma que nós. Imagine alguns bilhões (eu disse bilhões!) de criaturas microscópicas armazenando água no solo e na serrapilheira (chão da floresta)? Já viu uma praia? Voce pode imaginar que ela é constituída de pequeníssimos grãos de areia? No entanto ela se estende por quilômetros e quilômetros! Será que os “pensadores” de soluções para a crise hídrica levam esses dados em consideração? Dessa forma, a biota – conjunto de organismo de uma determinada região – é fundamental para “segurar” a água e evitar que ela volte rapidamente (como sempre faz) para os oceanos, passando primeiro pelos rios e demais caminhos de retorno. Se desejarmos resolver a questão da crise hídrica atuando somente em pequenos pontos dos ciclos (barragens) nós não teremos uma solução eficiente e eficaz. O ciclo da água é estudado em ciências nas escolas mas parece que não é apresentado com a devida relevância e os alunos apenas decoram a lição para “passar de ano” sem conectar o fato à sua própria vida e a de outras criaturas não humanas. A educação ambiental deve prencher esta lacuna de sobrevivência coletiva para que os futuros políticos, prefeitos, governadores e demais representantes públicos percebam a importância dessas lições ecológicas e passem a valorizar as opiniões de especialistas que tratam da vida e dos serviços ecossistêmicos não apenas da água como se ela só existisse num copo, numa lata ou numa caixa; seja de vidro, de barro ou de concreto…

sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

O óbvio ululante

Colaborador Roberto Rocha

As questões ambientais não são somente ambientais. Elas são sociais e econômicas também. Tudo está ligado. Ocorre que só percebemos esta dependência quando sentimos essa realidade na nossa pele, no nosso bolso, na nossa casa, na nossa rua, no nosso trabalho, entre outros. Será que vai faltar água? Será que vai faltar energia elétrica? Só valorizamos aquilo que precisamos e que nos falta na hora de nosso interesse consumista. Fora isso, vamos "empurrando com a barriga". Nossa visão apertada entre antolhos não permite ver o entorno das dependências ecossistêmicas. Fico pensando que enquanto todo mundo fala do excesso de CO2 na atmosfera, esquecem do vapor dágua, muito mais relevante para afetar as condições climáticas. A perda de biodiversidade deveria ser nossa maior preocupação, aliada à conservação da água. Quando se fala de água devemos falar de reservatórios naturais - as florestas - sem desmerecer qualquer outro sistema importante. Mas insisto nas florestas porque elas não garantem apenas uma boa cota hídrica que flue aos poucos para os rios. Elas são a morada de milhões de criaturas que enriquecem o solo e garantem o ciclo vital de cada uma delas. Nos oferecem a umidade e a sombra que ameniza o calor sufocante das cidades de concreto e ferro. Lamentavelmente, seus espaços estão sendo impermemabilizados e ocupados com equipamentos destinados aos humanos, exclusivamente. As cidades são grandes piscinas a ceu aberto. A água não consegue mais se infiltrar no solo. Alaga as residências, interrompe o trânsito, mata pessoas e animais. Também me preocupa o aquecimento dos oceanos e a pesca predatória porque essas nudanças trarão consequencias extremas para a nossa espécie. A questão primordial não está apenas na atmosfera, está na interação com os oceanos, está relacionado às correntes quentes e frias. Os oceanos atuam como reguladores térmicos da Terra. Embora seja, processos mais lentos que aqueles percebidos no ar, eles são tremendamente relevantes. Nessa altura do campeonato os governos deveriam estar dando atenção máxima aos oceanos. Formando especialistas em oceanologia. Mas quem está fazendo isso com seriedade? Quem criou a vida na Terra foram os organismos! E nós estamos centrando nossas atenções na atmosfera. Será que nós estamos equivocados? A quem interessa esse movimento internacional para valorizar o aquecimento global? O planeta já passou por várias alterações em suas composições químicas no passado. e passará por outras no futuro. As mudanças climáticas não são nenhuma novidade na história de Gaia. O que temos de novo é que agora estamos aqui para assistir e fazer parte do jogo. Nos primeiros jogos nós nem existíamos como "gente". Será mesmo que somos tão relevantes com nossas atividades e avanços tecnológicos a ponto de mudar toda uma estrutura planetária que nunca foi estável? É verdade sim - e isso está confirmado; e não precisamos de nenhum painel especializado - que a nossa biodiversidade está sendo desrespeitada e eliminada. Com certeza os serviços ecossistêmicos já estão afetados por conta dessa hecatombe biológica. Esse tema é que deveria estar nas nossas discussões atuais. Os jovens conhecem os nomes do principais jogos eletrônicos mas não sabem identificar os animais e plantas nativas do seu país. A ignorância ecológica é astronômica! Estamos cada vez mais emparedados e não dá para ver o Sol entre os corredores das avenidas principais. Nem mesmo olhamos para o alto. Olhamos para as vitrines, para os bares, os restaurantes e outros componentes artificiais. Estamos nos afastando da relação com a vida, com o que se move, Até para falar está difícil porque nós usamos o celular e os dedos. Ficamos horas concentrados nas telinhas coloridas! Estão nos transformando em bonecos automatizados e obedientes aos sistemas consumistas. A propaganda que o diga! Será que estamos ficando insensíveis ao óbvio ululante? Triste, reconhecer isso. Que futuro podemos esperar? 

domingo, 8 de janeiro de 2012

Palafitas: uma solução pré-histórica para questões contemporâneas do século XXI.



Colaborador: Roberto Rocha

O homem sabido contemporâneo do século XXI , é o mesmo hominídeo – Homo sapiens - que vivia no período Neolítico, na pré-história. Mesmo sem contar com a NASA ou com o INPE, ele já sabia que para continuar vivendo no mesmo lugar de sempre, teria que aprender a conviver com os movimentos das águas de cima (grandes chuvas) e das águas de baixo (enchentes, alagamentos etc). Se nós não somos seres aquáticos, isso quer dizer que não há possibilidade de sobreviver “dentro” d'água. Precisamos ficar longe dela, bebendo um copo ou outro, de vez em quando. Tomando banho ou lavando as nossas roupas. Nessas oportunidades precisamos estar em contato íntimo com a água. Isto é, somos nós que escolhemos o momento que desejamos essa intimidade. Não é o que ocorre com as chuvas de verão, porque elas destroem e danificam tudo que estiver em sua frente. Preste atenção na frase: tudo que estiver em sua frente. Mas vem a pergunta: e se não houver nada na frente para destruir? Então ela passa tranquilamente; vai até onde a bacia permite, e depois retorna para o seu leito original. No entanto, as águas encontram pontes, casas, estradas, barragens, tudo obstruindo seus caminhos naturais. Para onde ir? É lógico e óbvio que dependendo da forças em luta – as do concreto e ferragens e o peso e velocidade das águas – alguma coisa vai ficar e alguma coisa vai sair. Os rios foram desenhados com meandros, isto é, fazendo curvas, para minorar a velocidade das águas. O que fazemos: procuramos retificá-los, abrindo retas e concretando suas margens. O que vai acontecer: sem curvas e sem obstáculos (árvores, raízes, barrancos) ela - a água - ganha uma velocidade incrível, buscando o oceano. A rapidez das enormes massas hídricas arranca com maior facilidade o que estiver pela frente: “água mole em pedra dura...”. Mas o homem pré-histórico já sabia de tudo isso, mesmo sem ter frequentado uma universidade. A cultura dos seus antepassados – diga-se de passagem, com alguns milhares de anos - depois de muitas mortes, muitas chuvas e muitas enchentes, apresentava uma solução simples: as palafitas. A resistência de um pilar e muito menor do que a de uma parede. Coloque um lápis em pé num corrente de água e veja o que acontece. Depois coloque um caderno deitado no meio da corrente. Compare as duas coisas. Em que situação você acha que houve maior resistência? Então vem nova pergunta: por que não construímos casas e blocos de apartamentos sobre pilotis nas áreas mais ou menos próximas dos rios? Veja bem, eu disse, mais ou menos próximas! As margens dos rios não devem ser ocupadas por nenhum tipo de construção. Apenas a mata ciliar, que é específica para essas áreas. Resistem melhor às cheias e fornecem abrigo e alimento para a fauna que a frequenta. Infelizmente em vez de aumentar as áreas de matas ciliares, elas estão sendo cada vez mais reduzidas. Um verdadeiro absurdo e um crime previsto na legislação. O lucro alegado pela ocupação das margens dos rios, especialmente pela agricultura e pela pecuária, vão desarticular todo um sistema complexo de proteção das bordas, assoreando o rio e eliminando as possibilidades para que outras plantas sobrevivam ou que outros animais possam viver ali. Além da perda de biodiversidade, os rios cheios de terra forçam as águas a ocupar vastas áreas da bacia hidrográfica. Vidas humanas são perdidas, animais morrem afogados, plantações são inundadas, móveis são arrastados e inutilizados, equipamentos elétricos ficam danificados, documentos são extraviados, memórias são perdidas. Os prejuízos são astronômicos. A população reclama, os prefeitos reclamam, mas a cada ano o cenário se repete. Alarmes são instalados na tentativa de evitar mortes, mas não resolvem a questão principal. Falta uma cultura que valorize a natureza não como algo belo somente. Trata-se de uma questão econômica. Milhões e milhões em dinheiro são perdidos, a cada ano, por desrespeitarmos as normas da natureza. Concretar rios, calçadas e estradas, só aumentam a impermeabilidade do solo e fazem com que as águas se acumulem cada vez mais. Porque as estradas não são porosas? Se somarmos a isso, uma nova realidade, que é o aquecimento global, teremos um quadro caótico e desastroso. Dragagens são soluções paliativas. A solução principal está na proteção das margens com suas matas originais, um bom planejamento e controle da ocupação do solo, educação, fixação do homem no interior, fiscalização e punição rigorosas para quem desrespeita a vida dela mesma e a vida dos outros. As palafitas podem ser uma solução, devidamente planejadas, situadas em áreas sujeitas a alagamento, mas não nas margens dos rios. As partes baixas podem ser usadas para outras atividades, esportes, oficinas de arte e outras atividades. Nada super-construído. Tudo muito simples e fácil de transportar numa emergência. Mesmo que numa nova enchente elas sejam perdidas, não representarão prejuízos tão severos. Trabalhar com escalas menores quer dizer menos problemas. Perder uma horta não é o mesmo que perder 1000 hectares de qualquer plantio. Áreas muito inclinadas também não podem ser ocupadas porque elas, mais cedo ou mais tarde, podem desabar e levar consigo toda uma economia de um município. Basta voce olhar as grandes pedras (matacões) que estão nas margens dos rios para saber que ali aconteceu alguma coisa desastrosa, num passado não muito distante. Vales íngremes devem servir para a prática do turismo, fotografias, lazer, unidades de conservação, mas nunca de moradias permanentes. Para não ser tão radical, quem sabe também imitar o homem-da-caverna, isto é, aquele que vivia em tocas, nas partes mais altas. Quem sabe além dos buracos naturais, poderíamos "cavar" dentro das rochas e morar lá dentro, deixando tudo lá fora como a natureza gosta? Ao que parece, o Homo sapiens neoliticus sabia lidar melhor com os desastres do que o Homo sapiens universitarius. É verdade que não tínhamos megalópolis e nem tanta gente.  Mas não estou criticando a ciência que tanto amo; estou sentindo a falta de uma visão mais ampla e sensata que inclua a natureza como nossa parceira, para que com todo o conhecimento que temos atualmente, possamos celebrar o casamento perfeito, unindo serviços dos ecossistemas, bom senso, conhecimento científico, negócios e felicidade. Ugh! Ugh! Mim, homem da caverna e das serras! Ele, homem da palafita e das baixadas! E você, será um homem cavernoso...

domingo, 10 de julho de 2011

Das permeabilidades físicas, das estratégias biológicas, das culturas engessadas e das questões urbanas contemporâneas.

Colaborador Roberto Rocha

As enchentes e alagamentos costumam infernizar a vida de qualquer urbano, seja o transeunte comum, seja o comerciante, seja o cão, o gato, ou qualquer outra criatura bípede voadora ( o pardal exótico, o pombo exótico). Soluções tecnológicas têm sido testadas para controlar esses fenômenos ditos "inconvenientes", mas todas dependem de mecanismos de controle manual ou eletrônico. Imagine faltar energia elétrica, justamente nessa hora, para acionar as máquinas e sistemas programados! A questão é que os humanos resolveram concretar, cimentar e impermeabilizar tudo que possa ser naturalmente poroso. Poroso quer dizer "cheio de poros", ou melhor cheio de "caminhos" ou microtubos, por onde pode circular a água, os gases e a vida. O solo - a camada mais superficial - é um sistema complexo, com elementos bióticos e abióticos em interação permanente. No entanto, essa riqueza de relações depende, fundamentalmente, da presença de organismos vivos e seus cadáveres (ricos em nutrientes). Muitos deles são microscópicos e não podem ser vistos a olho nú, mas são bilhões e bilhões. É quase impossível querer contá-los um por um, como um corpo de animal vertebrado. Esses organismos são verdadeiros "reservatórios provisórios de água". Guardam dentro deles uma quantidade absurda de líquido, formando um imenso tapete absorvente subterrâneo. Não existe ali nenhum ferro nem concreto para manter essa estrutura flexível e móvel. Nenhuma máquina eletrônica para controlar o processo de captação e liberação da água do entorno. Dessa forma, quando visitamos uma área "verde" preservada, é possível perceber que existe ali uma permeabilidade perfeita, exceto em solos argilosos (que dificultam a drenagem). Os organismos que acumulam água tem a vantagem de se multiplicarem indefinidamente, sem qualquer controle publico ou privado. Se somarmos as recentes mudanças climáticas - que inclui chuvas muito pesadas concentrando-se em alguns pontos - mais uma urbanização desordenada e um ineficiente sistema de drenagem superficial e subterrâneo (que inclui o "sequestro de água": entenda-se aqui os corpos dos organismos), teremos então, um quadro de desastres. O desrespeito à legislação que proíbe a retirada das matas ciliares é também fato notório nas áreas urbanas. Você já viu um rio de cidade? Para onde foi a "mata ciliar"? Com certeza está ocupada por ruas e estradas. Isso pode ser visto em todas as cidades brasileiras e de outros países também. Elas deveriam manter a vegetação "nativa" (e não mangueiras, eucaliptos e outras exóticas). Esse "corredores verdes" deveriam interligar as "praças verdes", porosas, permeáveis, absorventes, com todos os seus sistemas de raízes, bichos grandes, bichos pequenos, vermes, protozoários, bactérias, fungos e tantos outros organismos maravilhosos que reciclam o mundo sem nos cobrar absolutamente nada. Esses reservatórios vivos acumulam dentro deles, pelo menos, 70% de água do ambiente. Cada organismo que nasce, representa um novo espaço. Quando existe vida nas margens, essas pequenas caixas - são bilhões delas - funcionam como pontos de retenção de água. No entanto, se a vida é eliminada, não há como sustentar essas redes que se multiplicam, biologicamente falando, e fazem o serviço de retenção, sem qualquer custo para o governo. O acúmulo de água a céu aberto - sem estar dentro dos organismos - gera outros problemas sérios, do ponto de vista sanitário. A maneira mais segura e barata para "reter água" é usar organismos vivos. Você já pensou na quantidade de água que esta circulando hoje, "guardada" em bilhões de pessoas vivas no mundo? Faça a conta ! É só multiplicar 50 litros por alguns bilhões. E nos animais? E nas plantas? É muita água... Infelizmente, as soluções naturais são negligenciadas porque não "vendem serviços e produtos". São "de graça"! Não usam computadores, não gastam combustíveis fósseis, não precisam de máquinas transportadoras de cargas e de pessoas. Como isso pode interessar ao sistema capitalista? Fazer algo sem "lucrar" alguma coisa? Sem "engordar" as contas no banco? Nossa cultura europeia tropicalizada nos ensinou a produzir, comprar e vender. A cultura indígena selvagem autêntica, ensina a colher, abater, consumir, trocar e respeitar (sem acumular nada de modo exagerado). Embora tenhamos assimilado alguma tradições antigas, como andar quase pelado (praias) e usar pinturas no corpo (tatuagens), também manivemos a idéia mais recente de "fazer dinheiro rapidamente". Essa perseguição pelo "vil metal" tem transtornado as nossas mentes e a nossa vida contemporânea na linha do Equador. No lugar de soluções mirabolantes, deveríamos refletir, um pouco mais, sobre como resolver alguns problemas das cidades brasileiras. Quem sabe, considerar soluções mais naturais e menos tecnicistas?. O paisagismo por sí só, fortemente afetado pela estética, não conseguiu atender às complexas exigências ecológicas de um país megadiverso como o Brasil. Precisamos aprender a exaltar a natureza e suas soluções, incrívelmente inteligentes. Renegar pressões corporativistas pouco cuidadosas,  dando-se preferência às soluções que valorizem os interesses econômicos, sociais e ambientais, sabiamente equilibrados, tarefa difícil de se cumprir, em busca da equidade. Mesmo a alardeada sustentabilidade continua ainda muito centrada na ecoeficiência e na reciclagem, sem mudanças mais profundas. Vai levar um tempo para aceitar que não podemos privilegiar o econômico humano e menosprezar o econômico ambiental. Vai levar um tempo para aceitar que não existe esta separação homem-natureza, convencionada pela visão antropocentrista. Enquanto isso, nos resta torcer pelas novas gerações, para que elas possam mudar esse equivocado paradigma, que começou com a Revolução Industrial, e ainda permanece entre nós, como se fosse algo verdadeiro e eterno, imutávelmente endurecido e enfumaçado.

quinta-feira, 3 de março de 2011

As áreas de preservação permanentes (APPs): os rios e suas matas ciliares.



Colaborador Roberto Rocha

"E como os cílios que protegem os olhos, as florestas que margeiam os rios são protetoras da águas e de todas as vidas que habitam nelas".

Me perguntaram o que eu achava das recentes discussões e propostas para reforma do Código Florestal (Lei 4.771, de 1965), especialmente na questão que trata das APPs (áreas de preservação permanentes) e as matas ciliares. A lei explica o seguinte:

Área de preservação permanente: área protegida nos termos dos arts. 2º e 3º desta Lei, coberta ou não por vegetação nativa, com a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica, a biodiversidade, o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem estar das populações humanas.

Reserva Legal: área localizada no interior de uma propriedade ou posse rural, excetuada a de preservação permanente, necessária ao uso sustentável dos recursos naturais, à conservação e reabilitação dos processos ecológicos, à conservação da biodiversidade e ao abrigo e proteção de fauna e flora nativas.


Minhas considerações são as seguintes: “não é exatamente para se achar nada, porque o assunto foi debatido no passado e pessoas de bom senso – incluindo brilhantes empresários não imediatistas – não tinham nenhuma dúvida sobre a importância dessas áreas sensíveis e indispensáveis para o bom funcionamento dos ecossistemas”. Tanto isso é verdade, que uma série de leis e resoluções brasileiras e documentos internacionais, reforçaram a necessidade de existência das matas ciliares. É muito estranho, e mesmo insustentável, que de uma hora para outra, se deseje repensar uma determinação que foi construída através de reflexões profundas de pessoas sérias e idôneas. Suprimir ou diminuir essas áreas representa um retrocesso inconsequente e irresponsável. As matas ciliares contribuem para o correto funcionamento dos ecossistemas e seus serviços. O tema, não é – como muita gente afirma - "uma questão estritamente ecológica". A vegetação das margens dos rios contribuem para a “economia do país”. Não estamos falando de plantinhas ameaçadas, nem de bichinhos interessantes e coloridos. Estamos falando de dinheiro, muito dinheiro. De uma grana que já está sendo mantida e reproduzida com a direta participação das áreas de preservação permanentes. Não fossem as APPs e nós já estaríamos “pagando” milhões e milhões em dólares, euros e reais, por prejuízos incomensuráveis. O argumento que acho razoável, é que : “não adianta ganhar muito num curto tempo e ter que pagar mil vezes mais depois, para cobrir os prejuízos acumulados”. Não gosto da idéia "o futuro é agora". Talvez fosse melhor: "o passado nos sugere o futuro". Veja o caso recente da região serrana no Estado do Rio de Janeiro. Nós ocupamos as áreas que deveriam ser de preservação permanentes. Invadimos vales que - pela presença dos enormes matacões (pedras imensas roladas de pontos mais altos) – já nos sinalizava que o fenômeno poderia se repetir, embora não marcasse data de compromisso. Quanto já tivemos de prejuízos? Quanto ainda vamos continuar a ter? Se mesmo com a proteção das matas ciliares remanescentes nós estamos agora sofrendo inundações e perdendo culturas por conta do aquecimento global, imagine o que os dois eventos juntos - eliminação das matas e despejo rápido das águas - poderão fazer de modo negativo? Veja o caso das águas barrentas de centenas de rios brasileiros. Elas nos indicam que a transparência das águas foi prejudicada pelo excesso de sedimentos não contidos pela vegetação das margens. Estamos perdendo solo. Como uma economia baseada em culturas, pode se manter sem solo? E a água? Vamos irrigar as plantas com drogas químicas, virus, bactérias e ovos de vermes? Você tem idéia da quantidade de esgotos não tratados, terra em suspensão, fertilizantes e drogas químicas lançados nas águas dos rios?. Os rios estão sendo descaracterizados.

Numa aula de educação ambiental eu tinha perguntado para uma turma de crianças: o que é um rio? Um aluno me respondeu com segurança: “ é um lugar sujo, fedorento, cheio de ratos e plásticos”. Eu não perdi a pose. Perguntei para ele: onde você mora? Ele disse, na comunidade. Continuei: e você já saiu dali alguma vez, para visitar outros lugares? Ele falou: não, nunca sai dali. Não conheço outros lugares mais distantes, mas já vi na televisão um lugar que chamaram de rio. Tinha muitas árvores nas margens, muitos peixes, muitas aves, a água era limpinha! Eu até bebia aquela água se tivesse sede! Mas pra mim, aquilo ali era anuncio de televisão. Tudo é enfeitado, pra convencer as pessoas sobre alguma coisa que eles desejam vender. Só para enganar, entende? Não existe! Parei um instante. De certa forma, já esperava algo parecido, mas – mesmo assim – me veio um sentimento muito triste. Lembro de um lema ecológico muito divulgado: conhecer para preservar! Me veio a pergunta: por que alguém preservaria algo tão feio e tão nojento? Essa criança será o adulto de amanhã. Levará da sua infância a noção de que os rios são coisas sujas, para despejar porcarias. Sem graça, sem vida, sem opções. Certamente, esse cidadão futuro, não vai se incomodar com debates ou discussões para “proteger os rios”. Muito ao contrário, ele vai votar a favor de acabar com tais cenas deprimentes, dos rios em agonia que se espalham pelo país. Mas não é só isso. Logo alguém vai dar um jeito de “enterrar a sujeira” e concretar qualquer possibilidade de vida naquele espaço natural precioso do passado. Placas impermeabilizadas vão sepultar plantas aquáticas, invertebrados, peixes, tartarugas, jacarés e qualquer forma biológica que tenha a pretensão de sobreviver nesse novo ecossistema construído. Vão esconder os ratos, os plásticos, o fedor, os esgotos urbanos desviados irresponsavelmente para os rios (ou canais?). E daqui a dez anos, não teremos somente um aluno respondendo com segurança o que seja um rio. Teremos toda a turma, teremos a comunidade inteira, inclusive você...

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Assistência aos animais vitimados pela tragédia que se abateu sobre a Região Serrana do Estado do Rio de Janeiro.

Colaborador Roberto Rocha

Saiba o que as afiliadas e parceiros da Sociedade Mundial de Proteção Animal – WSPA estão fazendo a favor dos animais vitimados pela tragédia que abalou a Região Serrana do Rio de Janeiro. Estamos repassando algumas informações que a WSPA nos enviou e que você pode ter acesso direto visitando os endereços abaixo.

Sociedade Mundial de Proteção Animal – WSPA.

Disponível em: < http://www.wspabrasil.org>. Acesso em: 20 jan. 2011.

A equipe da WSPA (especialistas em desastres da Costa Rica e Gerência de Programas Veterinários, realizou nesta terça e quarta-feira, dias 18 e 19-01, o primeiro levantamento sobra a situação dos animais em Nova Friburgo. A equipe já seguiu para a cidade de Teresópolis com o objetivo de identificar as principais necessidades dos animais em áreas de risco na região.

Segundo a gerente de programas veterinários da WSPA, Rosângela Ribeiro, o levantamento inicial demonstrou que as áreas mais afetadas e que necessitam de ajuda em Nova Friburgo são> Campo do Coelho, Córrego Dantas, Conselheiro Paulino (Alta Floresta) e Conquista.

Os médicos veterinários da WSPA visitaram as localidades, prestaram os primeiros socorros aos animais que estavam abandonados nas ruas e orientaram a comunidade sobre cuidados com os cães que já estavam em novos domicílios. Foram distribuídas rações, recolhidos animais e encaminhados para a Coordenação de Bem=-Estar Animal da Prefeitura de Nova Friburgo.


GAPA-MA - Grupo de Assistência e Proteção aos Animais e Meio Ambiente (seu espaço aberto para acompanhar e debater dos animais e do meio ambiente em Petrópolis e no mundo).

O GAPA - de Itaipava - está percorrendo os bairros do município e recolhendo animais abandonados.
Disponível em: < http://www.gapaitaipava.org.br> , Acesso em: 20 jan. 2011.

AnimaVida – ensinando o respeito pela vida
Disponível em: http://www.animavida.org. Acesso em: 20 jan.2011.


S.O.S Animal – Sociedade Brasileira de Proteção Animal e do Meio Ambiente.
Disponível em: . Acesso em: 20 jan. 2011.

Segundo informações da WSPA, esta sociedade já resgatou 200 animais dos bairros Caleme e Posse, em Teresópolis. A previsão é que se recolha em torno de 800 animais na região. Cerca de 20 deles já foram doados.

SEPDA – Secretaria de Promoção e Defesa Animal do Rio de Janeiro

Disponível em: http://www.rio.rj.gov.br/web/sepda. Acesso em: 20 jan. 2011.

A SEPDA enviará nesta quinta-feira, dia 20, 300kg de ração e medicamentos recolhidos nos postos de esterilização do órgão para a Coordenadoria de Bem Estar Animal de Nova Friburgo e para a ONG Combina, também em Nova Friburgo.

A expectativa é que outros órgãos, sociedades, profissionais da área e voluntários, venham juntar forças para cumprimento das diversas tarefas de ordem humanitária e de interesse publico.